quinta-feira, novembro 30, 2006

Coro de protestos pela Festa da Música


Alexandra Carita
O EXPRESSO inicia uma campanha de apoio ao maior evento de música clássica realizado em
Portugal.
Ao fim de sete anos a Festa da Música abandona Lisboa devido a cortes orçamentais. O evento que conseguiu levar a música clássica a todas as faixas etárias e classes sociais era o ponto mais alto de toda a programação do maior equipamento Cultural de Lisboa.
Só na última edição venderam-se cerca de 50 mil ingressos, sendo a taxa de ocupação das sete salas disponíveis para os 115 concertos realizados de 94%. Essa 7.ª edição da Festa da Música, dedicada ao Barroco, foi considerada a segunda melhor de sempre. Só em 2005 a Festa recebeu mais visitantes. A importância do evento e o seu sucesso em Lisboa levou mesmo o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, a condecorar em 2005 o seu criador e director artístico, René Martin, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
A Festa deste ano, que já estava programada, seria dedicada às Escolas Nacionais, de Grieg a Bizet, de Mussorgsky a Manuel de Falla, de Borodin a Vianna da Motta, e esperava contar com o apoio financeiro da Câmara Municipal de Lisboa (CML), tal como acontecera o ano passado. Mas o novo modelo criado por António Mega Ferreira, presidente do Conselho de Administração do CCB, não deverá receber a mesma verba da autarquia lisboeta.
O vereador da Cultura da CML, José Amaral Lopes, afirmou ao EXPRESSSO que o protocolo de colaboração financeira assinado entre a autarquia e o CCB para a Festa da Música terminou a partir do momento em que o modelo se alterou. O protocolo previa o apoio da Câmara com uma verba no valor de 100 mil euros anuais até 2008. “O protocolo estava estipulado com base no modelo Festa da Música, um evento de qualidade, com um reconhecimento e padrões internacionais acima da média. O novo projecto ainda não o conheço, o que não quer dizer que a autarquia não esteja disposta a colaborar mas não nos mesmos moldes”, afirma Amaral Lopes.
O vereador da Cultura diz precisar que lhe seja apresentada uma nova proposta que terá de analisar e posteriormente apresentar em reunião de Câmara, “o que não é de modo nenhum automático”. Amaral Lopes adianta ainda que mesmo que se decida apoiar o novo projecto ‘Os Dias da Música’, a verba que será disponibilizada não poderá ser idêntica. “Se o Estado corta violentamente o orçamento do CCB, que legitimidade tem o CCB para exigir que a autarquia mantenha o mesmo apoio?”, conclui.