sábado, março 19, 2005

DESPIQUE FATAL - por JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA

O mérito de analise de José António Saraiva é altamente reconhecido, mas depois de ler o "politica à portuguesa" do jornal Expresso de 19 Março 2005, vem acentuar ainda mais esse reconhecimento.

Para quem esteja atento e souber minimamente o que se passa, percebe o significado, o conteudo do artigo.

Não é pelo facto de ser portista que me esquivo a ser critico construtivo de toda uma situação que está mal, mas que se ignora por completo. Todos nós cometemos erros, pelo simples facto de sermos humanos e o erro fazer parte do nosso percurso, mas sim a cegueira do poder, da má gestão, da inveja "José Gil".
Nós portistas que temos tanto orgulho em ser diferentes. Afinal somos iguais aos restantes.
Para além deste facto, é um espelho de uma realidade muito mais ampla, que define o estado da nação.

Quero que fique registado por completo.

quote:

A conquista da taça UEFA e da Liga dos Campões em dois anos consecutivos constituiu para Pinto da Costa o cume da glória.
A proeza era impensavel - e se a vitória na Taça UEFA não fora suficiente para convencer os cépticos, a conquista da Liga dos Campões acabou com as dúvidas, impondo o FC Porto como uma das grandes equipas do mundo.
Só que, nestas vitórias, havia uma pequena diferença em relação aos êxitos anteriores do FC Porto.
Antes, o artífice do sucesso era, sem margem para discussão, o presidente Pinto da Costa.
O treinador, os jogadores, eram funcionários do clube - que só chegavam às vitórias porque tinham acima deles um lider experiente, sabedor, que dirigia a orquestra com mão-de-ferro.

As vitórias na Taça UEFA e na Liga dos Campeões tiveram porém, outro protagonista: José Mourinho.
Neste sucessos, quase não se falou no trabalho de Pinto da Costa - falou-se na liderança de José Mourinho.
Prova disso foi a transferência milionária do treinador para o Chelsea.
Ela selou para a História o reconhecimento de Mourinho como o principal responsável pelos êxitos do FC Porto.
Pinto da Costa ficou na sombra - esquecido.

Pode assim dizer-se que, se as últimas grandes vitórias internacionais do FC Porto constituiram o momento mais alto para o presidente do clube, acabaram tambem por ter para ele, ironicamente, um sabor amargo.
Até por uma razão suplementar: porque Pinto da Costa e José Mourinho entraram em ruptura, não podendo comemorar juntos o sucesso.
Pinto da Costa gostaria de ser visto naquela altura como o líder do campeão da Europa, aparecendo perante os jornalistas com Mourinho ao colo, investido num papel secundário.
Ora sucedeu exactamente o oposto: o universo dos "media" que é cruel, elegeu Mourinho como o melhor treinador do mundo e ignorou Pinto da Costa.

Este episódio marcou profundamente o presidente do FC Porto.
A partir daí, era vital para ele provar que os êxitos do clube se deviam à sua liderança.
Que Mourinho fora apenas "mais um" treinador que passara pelo FC Porto.
Que o FC Porto seria tão bom sem Mourinho como fora com Mourinho.
Assim, deixou sair os homens-chave da equipa campeâ europeia, na certeza de que compraria outros tão bons ou melhores.
Isto explica que, ao arrepio do que sempre defendera (apostar em jogadores deconhecidos e valorizá-los no clube), tenha começado a contratar jogadores por preços exorbitantes.
E quando os resultados não apareceram, fez outra coisa que também nunca fizera: começou a despedir treinadores.

No despique desesperado com Mourinho, na ânsia de mostrar que o FC Porto continuava a ser o mesmo, que o responsável pelo sucesso era ele e mais ninguém, Pinto da Costa perdeu a cabeça.
E, para seu azar, viu-se envolvido neste periodo em problemas de outra ordem, desde polémicas familiares à constituição como arguido no "caso Apito Dourado".
Foi o anuncio do fim.
Quem viu pela Televisão Pinto da Costa festejar a vitória em Penafiel, não com o júbilo natural de quem ganha um jogo difícil mas com uma expressão quase histérica de vingança, percebeu estar perante outro homem.
Aquele não era o Pinto da Costa que nos habituáramos a ver: controlado, seguro, ironizando com os adversários.
Era um homem desiquilibrado, que procurava agarrar-se a uns farrapos de esperança, mas que no seu íntimo sabia que o sonho tinha acabado.

unquote.

Bravo José António Saraiva
de um portista.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Esta é uma situação que o protagoniste de tantos sucessos como os que teve pinto da costa deveria e poderia evitar. Bastaria para tal saber reconhecer em tempo útil a hora de se retirar e bem o podia ter feito em glória, bastante obra fez para tal. Assim, mais não faz do que denegrir a sua própria obra. Que pena... não merecia tal fim que se anuncia.

sábado mar. 19, 08:21:00 da tarde  

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