domingo, maio 13, 2007

As palavras de Eugénio de Andrade

As palavras são como um cristal,
As palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
Barcos ou beijos
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraisos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
crueis, desfeitas,
nas suas conchas puras?