quarta-feira, outubro 11, 2006

Universidades financiam-se à sombra do MIT



Sete universidades e 26 instituições e centros de investigação nacionais vão estar envolvidos no Programa MIT-Portugal e receber mais de 30 milhões de euros para novos projectos científicos. O contrato entre o Governo (Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) e o Massachusetts Institute of Technology (MIT) dos EUA é hoje assinado em Lisboa, com um período inicial de cinco anos (2006/2011).
As universidades em causa são as de Lisboa, Porto, Minho e Coimbra, as universidades Técnica e Nova de Lisboa, e ainda a Católica. O programa de investigação e educação avançada com o MIT, aprovado esta semana em Conselho de Ministros, vai mobilizar 65,5 milhões de euros de financiamento público, dos quais 32,5 milhões se destinam às instituições de ensino e de investigação portuguesas.
O MIT-Portugal abrange duas grandes áreas: os sistemas de engenharia e a gestão. No primeiro caso, haverá quatro apostas temáticas, que serão desenvolvidas com base num contrato de cinco anos: engenharia de concepção e sistemas avançados de produção, sistemas de energia, sistemas de transportes e sistemas de bioengenharia. Na gestão será celebrado um contrato anual de preparação de um Programa Internacional de MBA (mestrado em gestão), um programa anual de empreendedorismo e um conjunto de seminários de doutoramento em quatro escolas de gestão portuguesas, a realizar já em 2006.
Os sistemas de engenharia terão quatro programas anuais de formação avançada, onde serão atribuídos até 2011 cerca de 320 diplomas de especialização (Professional Masters); quatro programas de doutoramento com 35 novos alunos por ano, que deverão frequentar a universidade norte-americana pelo menos durante doze meses; e um programa de investigação. Todos os diplomas atribuídos terão o mesmo valor de mercado dos diplomas do MIT. Está ainda prevista a participação de 38 professores da instituição nestes programas e a deslocação de docentes portugueses aos EUA, bem como a contratação de outros professores e investigadores de mérito internacional.
Exemplo para a Europa
O relatório final da universidade norte-americana entregue ao Governo, que identifica as oportunidades para a cooperação científica e tecnológica com Portugal, defende a necessidade de uma visão inovadora no desenvolvimento da engenharia.
A aposta numa relação mais próxima entre o meio científico e as empresas – hoje emergente nos EUA, especialmente no MIT –, é particularmente adequada à pequena dimensão do nosso país, salienta o documento. Até porque pode servir de demonstração para o resto da Europa, acrescenta.
O MIT reconhece também “a excelência dos centros de investigação portugueses e o empenhamento do Governo em reforçar a ciência e tecnologia e em promover a cooperação internacional nestas áreas e na educação avançada, fazendo de Portugal um parceiro relevante em futuras «joint-ventures» na economia baseada no conhecimento”.
Em suma, o reforço dos apoios à inovação está a dar frutos. É por isso que se realizou na passada sexta-feira, dia 6, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o primeiro Seminário de Alto Nível sobre boas práticas no âmbito da Agenda de Lisboa, promovido pela Comissão Europeia. Foram apresentados dez exemplos de inovação, dois dos quais portugueses.

(Expresso de hoje)