terça-feira, maio 16, 2006

AMAR COM EXIGÊNCIA

A tua exigência sem amor, revolta-me. O teu amor sem exigência, humilha-me. O teu amor exigente dignifica-me. Henri Caffarel.

É de Laurinda Alves este artigo bonito, onde realça Henri Caffarel:

Estas verdades de Caffarel são tão actuais como essenciais. Um amor sem exigência não é amor. Seja por preguiça ou por medos, o amor mole e demasiado condescendente e inconsequente não é amor. É coisa nenhuma.
É próprio do amor ser exigente, para poder criar uma relação verdadeira, virada para o bem do outro, ainda que às vezes isso doa, ou seja extraodinariamente dificil, por ser uma titude que requer muita entrega de ambas as partes. Mas é a radicalidade desta mesma atitude que faz toda a diferença no amor.
Henri Caffarel, padre francês fundador das Equipas de Nossa Senhora e durante muitos anos cónego da Sé Catedral de Paris, é uma referência constante quando se fala de amor em casal. Caffarel viveu até aos 95 anos, morreu há um par de anos e dedicou o melhor da sua vida a ensinar a amar mais e melhor.
Inovador nas palavras mas também nas obras, Caffarel insistiu muito no amor entre o homem e a mulher. Para ele, o grande segredo não era a família mas o casal.
O mais importante não eram os filhos nem a educação das crianças mas sim o amor entre o homem e a mulher. A aposta essencial de Caffarel foi sempre esta: é indispensável que o casal se ame e que os dois façam tudo o que está ao seu alcance para serem felizes. O resto acontece naturalmente.
Henri Caffarel era um homem sensível, profundo e iluminado, que tocava muito as pessoas pela maneira simples e verdadeira como comunicava as suas ideias. A transparência e a coerência dos seus ideais é, aliás, muito evidente em toda a sua obra.
A colecção de livros que escreveu sobre estas e outras matérias e, ainda, a belíssima casa de oração que construiu em Troussures, a 80 km de Paris, têm sido muito inspiradoras para sucessivas gerações de crentes e não crentes.
A humanidade de Caffarel, que era pequeno e de aparência frágil, transparencia no seu olhar e nos seus gestos. Mais do que um teórico, ele era um grande prático e um homem rigoroso que arregaçava imediatamente as mangas, por assim dizer, perante todos os desafios que lhe surgiam. Em plena II Guerra Mundial fundou um movimento de viúvas e no pós-guerra trabalhou longamente com estas mulheres. Ao longo da sua vida dedicou também grande parte do seu tempo a acompanhar homens viúvos. Ou seja, o padre Caffarel conhecia o valor do amor entre homem e mulher mesmo quando um deles fica irreparavelmente ausente, e também nesta sabedoria revelou a sua alma admirável.
Voltando à substância dos seus ensinamentos, Caffarel propunha que cada um fosse olhando sempre para o mais íntimo de si mesmo, tentando perceber as suas fragilidades e criando um tempo interior de aceitação de si e do outro. Só acolhendo as fragilidades próprias e as do outro é possivel convertê-las em forças e cimentar o amor entre homem e mulher. Caffarel aconselhava sempre os casais a encontrarem um tempo exclusivamente seu e insistia na necessidade de alimentar a relação do ponto de vista espiritual, social, cultural e outros.
O Amor é Mais Forte que a Morte, um dos livros mais lidos de Caffarel, é, porventura, o mais eloquente da sua mensagem. Mas há outros igualmente inspiradores.